Notice: A função wp_enqueue_script foi chamada incorretamente. Scripts e estilos não devem ser registrados ou enfileirados até os ganchos wp_enqueue_scripts, admin_enqueue_scripts ou login_enqueue_scripts. Este aviso foi ativado pelo manipulador nfd_wpnavbar_setting. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 3.3.0.) in /home2/filos051/public_html/cma/index/wp-includes/functions.php on line 6078

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home2/filos051/public_html/cma/index/wp-includes/functions.php:6078) in /home2/filos051/public_html/cma/index/wp-includes/feed-rss2.php on line 8
cmaeditor1 – Coletivo de Mulheres Africanas – CMA http://cma.filosofiapop.com.br/index Thu, 02 Aug 2018 02:10:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://i0.wp.com/cma.filosofiapop.com.br/index/wp-content/uploads/2017/07/13567274_1572503636379904_3830831653250891817_n-e1500942915821.jpg?fit=32%2C32 cmaeditor1 – Coletivo de Mulheres Africanas – CMA http://cma.filosofiapop.com.br/index 32 32 133276741 31 de Julho: DIA DA MULHER AFRICANA http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/31-de-julho-dia-da-mulher-africana/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/31-de-julho-dia-da-mulher-africana/#respond Thu, 02 Aug 2018 02:10:03 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=307 [...]]]> As comemorações alusivas ao dia da Mulher Africana realizam-se todos os anos no dia 31 de Julho. Data instituída em 1962 durante a conferência das Mulheres Africanas, em Dar-Es-Salaam (Tanzânia), na mesma conferência foi criada a organização Pan-africanistas das Mulheres. Há 56 anos o continente africano celebra o Dia da Mulher Africana e, é neste âmbito que o Coletivo de Mulheres Africanas (CMA), organizou a III Jornada de Mulheres Africanas sob o lema: “Desafios e Perspectivas das Mulheres Africanas na Diáspora”.

Durante os dias 30 e 31 de Julho, na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), campus dos Malês na Bahia, ocorreu uma série de atividades para celebrar e reforçar a importância dessa data para o continente, principalmente para as mulheres africanas tanto as que vivem no continente e as que residem na diáspora.

Pautou-se mais uma vez sobre a necessidade de desconstruir os estereótipos existentes sobre a mulher africana. E, reforçou-se a importância e a urgência da mesma, em assumir seu lugar de protagonista no seio da sociedade e não se deixar calar diante das tentativas de silenciamento que a sociedade impõe.

VIVA MULHER AFRICANA!

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/31-de-julho-dia-da-mulher-africana/feed/ 0 307
Forsa di mudjer – Força da Mulher http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/forsa-di-mudjer-forca-da-mulher/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/forsa-di-mudjer-forca-da-mulher/#respond Thu, 02 Aug 2018 01:42:31 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=302 [...]]]> Forsa di mudjer

Mudjer guerrera, mudjer mai e txeu bez pai, tem ki dexa fidjus pa trabadja fora na busca pon di kada dia.

Mudjer di labuta, sempri ta korri traz di un vida midjor pa ses fidjus.

Mudjer forti ki pa mas ki mundu flal nau sempri é ta insisti, persisti te ke konsigui kel ke kre.

Mudjer exemplu di koragi e inspirason pa tudu kenha ki ta rodeal.

Nu odja pa nos mudjeres ku mas amor e atenson nu odjas na fundu di ses alma e nu flas tudu dia o kuantu ki es é especial e única…

(poema na Língua CRIOULO cabo-verdiano)

 

Força da Mulher

Mulher guerreira, mulher mãe e muitas vezes pai, tem que deixar seus filhos para trabalhar a procura de um pão de cada dia.

Mulher de luta, sempre correndo atrás de uma vida melhor para seus filhos.

Mulher forte que por mais que o mundo lhe diga não, sempre insisti e persisti até conseguir aquilo que deseja.

Mulher exemplo de coragem e inspiração para todos aqueles que a rodeiam.

Olhemos para as mulheres com mais amor e atenção, olhemos no fundo das suas almas e digamos a elas todos os dias o quanto são especiais e únicas.

D.L.T.C.

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/08/02/forsa-di-mudjer-forca-da-mulher/feed/ 0 302
27 de Março: Dia da Mulher cabo-verdiana http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/03/28/27-de-maro-dia-da-mulher-cabo-verdiana/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/03/28/27-de-maro-dia-da-mulher-cabo-verdiana/#comments Wed, 28 Mar 2018 14:55:50 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=267 [...]]]> No dia 27 de Março comemora-se o dia da mulher cabo-verdiana, pois foi nessa data que se deu a criação da primeira Organização das Mulheres de Cabo Verde – OMCV fundada em 1981, cuja finalidade era dar voz as mulheres cabo-verdianas, auxiliando nas mudanças sociais necessárias e, no empoderamento das mulheres.

Em comemoração data as mulheres cabo-verdianas, docente e discentes presentes na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira-UNILAB em parceria com o Coletivo das Mulheres Africanas-CMA, realizaram a palestra sob o lema: O Protagonismo Social da Mulher cabo-verdiana. Escolheu-se esse lema pois, é importante que nós mulheres tenhamos a consciência de que devemos e podemos desempenhar nosso papel enquanto protagonista social e traçar nossa trajetória de forma a alcançar esse protagonismo, uma vez que durante séculos esse protagonismo era e, ainda hoje continua sendo atribuído na sua maioria aos homens, por isso nós enquanto mulheres negras e africanas temos que reivindicar nosso lugar enquanto protagonista nas mais variadas reas da sociedade.

Que o lema proposto sirva de reflexão para todas nós enquanto mulheres, independente da nacionalidade para, que possamos refletir em nossos papeis enquanto protagonistas e potenciais agentes de transformação da sociedade a qual pertencemos.

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/03/28/27-de-maro-dia-da-mulher-cabo-verdiana/feed/ 1 267
30 de Janeiro: Dia da Mulher Guineense http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/02/02/30-de-janeiro-dia-da-mulher-guineense/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/02/02/30-de-janeiro-dia-da-mulher-guineense/#respond Fri, 02 Feb 2018 20:54:02 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=248 [...]]]> Em comemoração ao dia das mulheres guineenses o Coletivo das Mulheres Africanas – CMA realizou uma palestra sob o tema: Qual tem sido a contribuição das mulheres na atual crise política guineense? O tema foi proposto tendo em vista a instabilidade que assola o país devido à crise política, por isso a necessidade de se discorrer sobre, nos possibilitando reflexões e futuras possibilidades de mudança para um país mais justo. As mulheres guineenses desde sempre tem vindo a desempenhar um importante papel na sociedade, contribuindo de diversas formas, desde as bideiras, professoras, médicas, peixeiras, agricultoras, advogadas, etc. todas contribuindo com a economia do país e o sustento da família. E a crise política não deve ser uma questão inerente a elas, pelo contrário é uma luta que deve ser feito em conjunto.

O 30 de Janeiro é em homenagem a uma das combatentes para a libertação da contra o jugo colonial Ernestina Silá, conhecida como Titina Silá que foi atingida e morta pelas balas do colonialismo português nas água do rio de Farim região de Oio que fica no Norte da Guiné-Bissau quando estava á caminho de Guiné-Conacri a fim de participar na cerimonia fúnebre do nosso líder Amílcar Cabral. Portanto, foi através desta triste e lamentável notícia que foi instituído no país o 30 de janeiro como o dia das mulheres guineenses. Numa sociedade machista, desde sempre as mulheres lutaram e ainda hoje continuam lutando contra toda e qualquer forma de opressão, discriminação, machismo, enfim toda e qualquer forma de desigualdade que tenta lhes inferiorizar enquanto mulher. Já dizia Amílcar Cabral, pai da independência de Guiné Bissau e Cabo Verde que “a cultura machista do homem guineense continua a ser o grande desafio para a emancipação plena das mulheres”, e é para essa emancipação que as mulheres guineenses vêm lutando mostrando a cada conquista que são tão competentes quanto os homens, que podem muito bem educar os filhos e gerir um país, que o lugar que elas ocupam na sociedade guineense não deve ser atribuída por causa do gênero, pois elas podem e devem ocupar qualquer cargo seja ele público ou privado.

Que esta data sirva de reflexão para todas as mulheres em especial as guineenses, para repensar nos variados problemas que ainda persistem e que impedem a total emancipação da mulher guineense.

 

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2018/02/02/30-de-janeiro-dia-da-mulher-guineense/feed/ 0 248
Mutilação Genital Feminina (MGF): CULTURA OU CRIME? http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/10/29/mutilacao-genital-feminina-mgf-cultura-ou-crime/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/10/29/mutilacao-genital-feminina-mgf-cultura-ou-crime/#respond Sun, 29 Oct 2017 19:29:35 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=201 [...]]]> No presente ensaio abordarei sobre a problemática questão da mutilação genital feminina (MGF), também conhecida, como circuncisão, excisão ou fanado. É o procedimento em que se remove total ou parcialmente os órgãos genitais femininos externos. Prática comum em grande parte do continente Africano, em alguns países do Oriente Médio, nalgumas partes da Ásia e América Latina e, é habitual na UE em certas comunidades originarias de países onde se prática a MGF. Procedimento, que muitas mulheres são obrigadas a passar em nome da tradição, da religião e da cultura. Porém acredito que, acima de tudo isso está o machismo, uma vez que estas meninas são obrigadas a passaram pelo processo de mutilação genital e, existem casos em que a menina é coagida para puder passar por esse processo, sem falar da pressão psicológica por parte da família. Se a família optar, por não mutilar a menina é tomada com forte repressão por parte da comunidade, pois a MGF para as sociedades que tem essa prática, além dos caracteres da tradição, ela está enraizada nas estruturas sociais, econômicas e políticas daquele países. Nalgumas, sociedades caso a menina não é mutilada ela é restringida de tomar parte em atividades e de realizar algumas tarefas dentro da comunidade, como se, ao fazer o processo de mutilação torna-se a mulher mais apta a fazer ou participar dessas atividades.

As mulheres, geralmente em idades avançadas, que cometem esse ato cruel contra as meninas, além de acreditar nas crenças da tradição e da cultura para a permanência dessa prática, têm medo de perder a única forma de ganhar dinheiro, uma vez que são pagas pelas famílias para fazer o processo de mutilação genital nas meninas. Ou seja, a prática de mutilação genital, também é uma prática com fins lucrativos. Os motivos dessa prática diverge conforme regiões, grupos étnicos ou comunidades. E, são diversos os motivos pelo qual se sustentam a prática da MGF. Segundo Amadiune, as culturas tradicionais africanas, praticam atos tidos como forma de controlar e preservar a mulher, ou seja, umas acreditam que ao fazer esse procedimento marca-se a passagem da menina para a vida adulta e posteriormente o casamento. Outras, tem a ver com a questão da higiene, pois acredita-se que a mulher se torna mais limpa após a prática. Em sociedades patriarcais é visto como a falsa representação do pênis, pondo em causa a virilidade masculina.

Na maioria das sociedades, a MGF é tida como um ato cultural. Mas daí cabe questionar, que cultura é essa que põe em risco a vida da mulher? Sim, é um risco!!! Porque essas mulheres, são obrigadas a passar por esse procedimento invasivo, doloroso e que causa danos por toda a vida. É inadmissível a perduração dessa prática, pois não traz nenhum benefício à saúde da mulher, pelo contrário só prejudica e deixa marcas profundas na vida dessas mulheres.

A organização mundial da saúde (OMS) classifica quatro tipos de MGF, o tipo I: a clitoridectomia, que é a remoção total ou parcial do clitóris ou da pele que o cobre; o tipo II: a excisão, que se baseia na remoção total do clitóris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios; o tipo III: a infibulação, que é o estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos ou grandes lábios e o tipo IV: inclui todas as intervenções prejudiciais aos órgãos genitais femininos por razões não médicas, por exemplo a incisão, a escarefação, a cauterização, etc. Qualquer, que seja o tipo de mutilação pelo qual a menina sofreu terá consequências. Consequências essas que, podem ser de curto prazo, por exemplo: sangramento excessivo, dificuldades em urinar, infeções e, por vezes, a morte, ou de longo prazo: dor crónica, infeções pélvicas crónicas, desenvolvimento de quistos, abcesso e úlceras genitais, infeções no aparelho reprodutivo, diminuição do prazer sexual e as relações sexuais podem tornar-se dolorosas. As consequências para a saúde da mulher perdura ao longo da sua vida. Muitas vezes, o trauma se repeti na hora de dar à luz pois, as complicações obstétricas aumentam as chances de uma cesariana e, ou até hemorragia pós-parto. Ou seja, as consequências da prática causa danos que perdurarão ao longo da vida, danos esses muitas vezes difícil de reparar.

Segundo, a anistia internacional, a Somália é o país com maior índice dessa prática, sendo que 99% das somalis de 15 a 49 anos passaram pelo procedimento. A modelo somali, Waris Dirie tinha 5 anos quando foi mutilada, e hoje, ela luta para acabar com essa prática em todo mundo, visto que, por ano mais de três milhões de meninas passam pelo processo de mutilação genital. No ranking dos países que tem essa prática, Guiné Bissau, tem prevalência de 45%; Djibuti tem prevalência de 90% a 98%, ocupando o segundo lugar no ranking dos países com maior percentagem de mulheres mutiladas.

A MGF é, internacionalmente conhecida como violação grave dos direitos humanos de mulheres e meninas. Pois, põe em causa a integridade física e mental da mutilada; é um ato discriminatório de gênero, uma vez que quem sofre com a prática é o sexo feminino; viola os direitos das crianças, uma vez que a prática é feita na maioria das vezes quando a mulher ainda, se encontra na fase infantil; é um ato cruel de tortura, desumano e degradante que põe em risco a vida da mutilada. É necessário, dar um basta à prática!!!

É preciso urgentemente, rever as crenças que sustentam essa prática. Segundo Waldeck é necessário propor mudanças nos códigos legais de modo a coibir a circuncisão rotineira. Muitos defendem a permanência da prática de MGF, pois em nome da cultura eles se julgam capacitados de cometer tais crimes, sem compreender e entender que, a cultura não deve ser imutável, pelo contrário ela deve acompanhar as mudanças da sociedade e, principalmente ser refeita e repensada. Segundo Degrogi, a simples proibição legal da prática pode levar a um recrudescimento paradoxal e que o simples fato de constar em um código legal não significa que os governos vão efetivamente se empenhar na mudança de comportamentos socialmente arraigados. Ou seja, a simples proibição legal não significa que a prática deixe de existir, o governo pode e deve proibir a prática da MGF, porém é necessário um trabalho mais rigoroso para que a lei seja efetivada.

Enfim, as sociedades que tem a prática da mutilação genital, devem repensar, refazer e recriar outros meios de manter esta tradição. Encontrar meios de re-significar o conceito de MGF sem ter que colocar em risco a vida da mulher.

Dairine de Carvalho

 

Referências bibliográficas:

AMADIUNE, Ifi. Sexualidade, tradições religiões-culturais africanas e modernidade: expandindo a lente.

SQUINCA, Flávia; PALHARES, Dario. Os Desafios Éticos da Mutilação Genital Feminina e da Circuncisão Masculina.

OLIVEIRA, Filipa Andreia Vargos. Mutilação Genital Feminina: Cultura ou Crime? Lisboa, 2012

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/naquele-momento-so-queria-morrer-conta-mulher-mutilada,4b55d1e5c8936410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

Pesquisa feita em, 22 de Junho de 2017

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/10/29/mutilacao-genital-feminina-mgf-cultura-ou-crime/feed/ 0 201
Feminismo Africano http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/09/02/feminismo-africano/ http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/09/02/feminismo-africano/#comments Sat, 02 Sep 2017 21:23:34 +0000 http://cma.filosofiapop.com.br/index/?p=186 [...]]]> O conceito de feminismo é uma filosofia, uma forma de vida que nasceu do nível de consciência e pensamento das mulheres. É comum ouvir, a afirmação de que o feminismo não é africano. Como se, feminismo fosse exclusividade dos ocidentais, nesse caso mulheres brancas. Podemos afirmar que o feminismo não é exclusividade de mulheres brancas-ocidentais, ela pode e deve ser feita por todas as mulheres que de uma forma ou outra se sintam oprimidas dentro da sociedade.

Mulheres africanas há muito tempo que tem vindo a fazer feminismo. Desde sempre, elas lutam contra o preconceito masculino e a subordinação das mulheres. Comprometidas com a eliminação da desigualdade de gênero, desafiando o modo como as relações de gênero são socialmente construídas. O feminismo foi e continua sendo uma arma de luta de extrema importância na história das mulheres africanas.

Nos anos de 1975 e 1985 se propagou o ativismo feminista pelo continente e na diáspora. A partir daí, tem se desenvolvido em termos político, legislativo, ideológico e culturalmente. Os movimentos de mulheres africanas e os debates sobre feminismo em África emerge historicamente de quatro momentos: através do movimento endógeno das mulheres que caracterizou grande parte das sociedades africanas; através da resistência anticolonial; como produto direto do movimento de libertação nacional, que abriu espaços para as mulheres transformarem posições antes defendidas sobre a mulher na sociedade, nos seus papéis de mãe, esposa e filha subserviente e obediente e através do resultado do grupo de mulheres profissionais e outras, educadas nas universidades, dentro e fora da África, mulheres independente financeiramente e que foram adquirindo visibilidade pela sua participação em diversas organizações.  Os movimentos feministas em África emergiu desses quatros momentos históricos e representam a mistura de diferentes correntes feministas, por exemplo: a endógena, radical, socialista, liberal, etc. mas, com um único objetivo o de lutar pela libertação da mulher nas suas sociedades.

O feminismo africano envolve o ativismo de base e também o ativismo intelectual. Ela interessa-se pelas questões mais básicas como pelas mais complexas. Ao mesmo tempo que confronta os mitos patriarcais, nos desafia a lidar com os estereótipos racistas. É, através do feminismo que mulheres tomam uma atitude crítica perante os fatos e a sociedade. Há uma tomada de consciência, que conduz a mudança, a partir de transformações das próprias mulheres.

Existem diferentes e variadas formas ou níveis de feminismo. Para que a mulher fale ou se interesse pelos ideais do feminismo, ela tem que estar conscientizada do que e para quem ela dirigi seu discurso feminista. Esse discurso e as bases teóricas vão-se construindo através do percurso e do movimento a qual a mulher pertence.

As mulheres sempre participaram, mesmo que em menor número, em vários tipos de movimentos, tiveram participação nas lutas de libertação dos países colonizados, fizeram história e deixaram sua marca em momentos históricos da humanidade. Quando se fala de feminismo africano, deve-se ter em mente que essa luta começou por elas, como forma de se libertarem da opressão a que foram sujeitas.  Ele tem suas raízes na realidade africana, em que mulheres conscientes da opressão, quiseram lutar e continuam lutando para se libertarem dessas opressões, atualmente em contextos diferentes. Lutam para garantir direitos igualitários perante a sociedade.

Ao falar de feminismo africano, deve-se ter em conta certos aspetos específicos que o distinguem de outros feminismos. Por isso, Salami aponta no seu texto: sete questões-chaves no pensamento africano, sete pontos fundamentais que as feministas africanas devem ter sempre em mente, ao fazer feminismo. Devem ter em mente, que a sociedade africana é uma sociedade patriarcal, em que o sistema psicológico e político valoriza o homem mais do que a mulher, e as leis, a tradição, os costumes, a educação e a linguagem é usada para manter a mulher submissa ao homem, dentro da vida pública como na privada. As feministas africanas tem a responsabilidade de lutar por uma sociedade justa e igualitária, onde tanto o homem como a mulher contribuem para o desenvolvimento e crescimento da sociedade, onde se encontra inserido.

A colonização é outro fator que afeta e contribui para esse desequilíbrio nas relações entre homens e mulheres pois, baseado na ideia de superioridade, homens querem sempre fazer com que as mulheres se sintam inferiorizadas. Essa hierarquia, fruto da colonização, deixou marcas profundas e traumas que precisam ser superadas, tanto para os homens como para as mulheres, embora de diferentes maneiras.

No que tange a tradição, as mulheres africanas foram silenciadas durante muito tempo pelos crimes de patriarcado tradicional, por exemplo: a poligamia, o abuso das viúvas, o corte genital, a falta de acesso das mulheres à propriedade e ao poder na sociedade tradicional. O pensamento feminista africano não procura abandonar as tradições pois, ela faz parte da memória cultural do povo. Elas, apenas ambicionam que a tradição se adapte aos seus tempos de modo a enriquecer os costumes e a cultura.

As feministas africanas, lutam para que haja desenvolvimento dos países africanos, resistindo à hegemonia estrangeira sobre os povos africanos, incentivando o pensamento engajado e força de trabalho inclusiva, para igualdade de direitos e oportunidades para todos. Uma das preocupações das feministas africanas é a questão da sexualidade feminina. Visto que, a mulher africana durante muito tempo, foi visto como objeto de prazer, reprodutora, atualmente elas lutam para que todas tenham o direito de propriedade sobre seu corpo.

É necessário que haja, diversidade de feminismos pois, as necessidades, preocupações de diversas mulheres e homens são definidos por e para elas, em um determinado contexto e localização geográfica. O feminismo africano, é diferente do feminismo branco-ocidental, mas apesar dessa diferença, nas últimas décadas o foco tem sido encontrar formas de trabalhar em conjunto, para fortalecer os laços da luta feminista entre elas. Mesmo, trabalhando em conjunto as feministas africanas devem se posicionar perante às imagens negativas em relação as mulheres negras, reproduzidas no modo de feminismo ocidental. E, as feministas brancas devem ser autocriticas quanto ao seu lugar de fala, ou seja quanto ao seu lugar de privilegio em função da cor da pele.

No contexto africano e nos dias atuais é necessário que o feminismo seja uma ferramenta de luta para as mulheres africanas. Visto que, a sociedade africana a índice global, ocupa o mais baixo nível no que diz respeito a igualdade de gênero e o nível mais elevado em relação a violência doméstica, a circuncisão e mutilação feminina. Cabe, somente as mulheres africanas a responsabilidade de proteger as histórias das mulheres africanas e conectá-las às situações de hoje. Feminismo africano, deve ser feito por mulheres africanas pois, só elas sabem realmente os desafios, as implicações, as proibições, os problemas por que elas passam e enfrentam na sociedade.

Enfim, o papel das feministas africanas é de descolonizar e despatriarcalizar as mentes, criando novas tradições intelectuais, onde a mulher tenha direitos e deveres igualitários em relação aos homens, seja na vida pública como na privada.

Dairine de Cavalho

]]>
http://cma.filosofiapop.com.br/index/index.php/2017/09/02/feminismo-africano/feed/ 7 186